22 maio 2012

Olhos postos no futuro


As mulheres no geral têm uma mania muito parva de sofrer por antecipação. As mães no geral têm essa mania parva multiplicada pelo número de filhos. Não bastasse todas as preocupações que têm, ainda arranjam tempo para se preocuparem com o que ainda está para vir. E, enfim, estupidamente eu não sou exceção.
Penso muitas vezes na adolescência dos meus filhos. Ou em três adolescências em simultâneo. E penso que é uma boa ideia eles terem uma ocupação na fase mais parvinha da vida. E como nessa altura acredito que já seja tarde para os convencer seja do que for, porque rezam as minhas próprias lembranças de adolescente que há uma altura em que nos achamos senhores do mundo e da vida e em que achamos que os pais não estão cá a fazer nada a não ser a azucrinar-nos a cabeça e a proibir-nos de tudo o que a vida tem de bom, convenço-me que de facto é de pequenino que se torce o pepino.
E por essas e por outras, cá em casa são os meus filhos crescidos que põem a mesa todos os dias. Volta e meia zangamo-nos :
“ah, mas nós estamos a brincar…”
“Boa. A mamã também lhe apetece é brincar. Vamos todos brincar, e hoje não há jantar nem mesa posta”
“ah????? Mas mamã… temos que jantar…”
“A sério?!?! É que eu não me apetecia fazer o jantar… Porque a vós também não vos apetece por a mesa”
“Não mamã… era a brincar!! Nós vamos por a mesa!” 
Isto são as zangas meias a brincar. Mas também há as zangas a sério, acrescidas de uns ralhetes e eventuais palmadas por não estarem a fazer a parte deles.
Também são os meus filhos que ao fim-de-semana arrumam a loiça da máquina (aquela a que chegam aos armários, claro…), e que desmancham as camas para eu as fazer de lavado. Para eles é uma festa sem fim, para mim… É muito diferente ter que desmanchar e fazer do que chegar e ser só por os lençóis lavados!! Enquanto eles desmancham uma eu faço outra… Estou com eles, e um bocadinho aqui, outro ali, é muito tempo economizado!
Muitos me dizem “ah, coitadinhos, são tão pequeninos…” Pois são. Mas é em pequenos que eles têm que se habituar. Senão depois não há quem os convença.
A minha avó tem um ditado muito engraçado, que cada vez mais é o meu pensamento aliado de cada dia: “O que uma criança ajuda é pouco, quem desperdiça essa ajuda é louco!”