29 junho 2012

O que as lágrimas nos ensinam

Afinal as lágrimas não são só água salgada com sabor a soro fisiológico. São uma grande escola.

As minhas normalmente dizem-me que alguma coisa não está bem, senão não me correriam pelo rosto. Dizem-me que é tempo de fazer uma pausa e de respirar fundo. Lembram-me como é bom e como faz falta respirar fundo. Mostram-me que talvez não tenha descansado tudo o que deveria e que preciso de dormir mais um pouco para não disparar automaticamente em todas as direções. Avisam-me que é altura de abrandar o ritmo. Alertam-me para algo que poderia ter sido feito de melhor maneira.

As dos meus filhos, são talvez um sinal mais forte. De que eles precisam de mim. De que precisam da minha ajuda para combater e aprender a lidar com as suas frustrações. Para que amanhã saibam lidar com elas sózinhos. As lágrimas dos meus filhos, aliadas a rostos demasiado comprimidos e tensos, tentam mostrar-me que se calhar me excedi num castigo ou no tom de voz. Questionam-me se seria mesmo preciso ter sido assim. Ensinam-me que se calhar da próxima vez há forma melhor de levar as coisas a bom porto. Mostram-me, sempre... que é tempo de respirar fundo e fazer uma pausa... Organizar-me por dentro... E recomeçar mais calmamente...

26 junho 2012

Férias

Férias marcadas. (O desatino das) malas arrumadas. Viagem. Longa, nas tantas perguntas "estamos quase?" "já chegámos?" "já falta pouco?".
Chegámos. Eufóricos (?) por qualquer razão que até deveria ser boa. Pela simples razão de serem férias. Esquecemo-nos apenas, uma vez mais, que as férias trazem na bagagem 24 horas extra. 24 horas de convivio, 24h com os filhotes. E angustiamo-nos. Todos. Isto devia ser uma coisa boa. Tenho um nó na garganta - a dificuldade que todos mostramos ter num convívio mais prolongado. Ainda que de férias, ainda que sem stresses de horários a cumprir. A partir do terceiro dia parece correr melhor. É triste: é tão triste perceber que ao longo do ano o que estamos juntos é afinal tão pouco... Tão pouco que agora conduz à necessidade de adaptação... Adaptação a algo que deveria ser aprazível desde o primeiro momento...

18 junho 2012

A rede

A rede é a razão de ser do meu sucesso...
A rede de ajudas devia fazer parte da vida de todas as mães. Antigamente esta rede era natural, vivia-se em comunidade e todos ajudavam, agora a rede tem que ser construída para que exista e ganhe forma. Mas a rede faz falta. A todos: a quem ajuda que por vezes precisa de se manter ocupado, aos pais que são ajudados, às crianças que têm vidas mais pacatas. A minha rede é minúscula e grandiosa. Minúscula em número: conta-se o pai. E conta-se a mãe. Grandiosa, porque o meu pai e a minha mãe são os simplificadores da minha vida. Porque o meu pai e a minha mãe permitem que os meus filhos sejam diferentes entre iguais: os meus filhos não passam o dia inteiro na escola – os avós vão busca-los e ficam com eles até eu chegar. Os meus filhos não almoçam na escola – almoçam em casa, confeccionado pelos avós, com o mimo dos avós. Os meus filhos não passam as férias no ATL – o ATL deles chama-se avó & avô & colo & histórias & brincadeiras na rua & idas ao parque & mergulhos na piscina. Os meus filhos não se levantam de madrugada para irem para a escola –  são os avós que se levantam de madrugada, para que eles possam dormir tudo a que têm direito. E a mamã? A mamã é uma sortuda nos dias que correm, uma mamã que não tem histórias de birras logo pela manhã para contar… Porque de manhã apenas pega em si mesma e segue para o trabalho. Assim como não tem histórias atribuladas de saídas em pânico do trabalho porque ligaram da escola… Porque das vezes que aconteceu ligarem, lá foi o avô buscar os seus meninos. As ajudas fazem da nossa vida e da dos nossos filhos uma vida francamente melhor. Procurem ajuda, peçam ajuda – aos pais, aos sogros, aos irmãos e cunhados, aos amigos. Construam a vossa rede. A vossa rede traduzir-se-á em crianças mais alegres, mais dadas e mais pacatas. Não tenham medo de pedir – pior do que antes de pedir será impossível ficarem, e tudo o que vier é lucro, para todos. Acima de tudo para as crianças.

03 junho 2012

Olhos postos no futuro - parte II

Além das tarefas de casa, empenhá-los numa actividade que os preencha é também uma forma de, num futuro próximo, eles não terem tempo vago para andarem por aí a vadiar. Ou sequer para passarem dias a fio de nariz enfiado na TV e nas consolas de jogos. Claro que muito advirá da cabecinha deles e do meio envolvente… Mas porque não tentar impulsionar as coisas no bom sentido, mantendo-os afastados tanto quanto possível dos tão conhecidos maus caminhos? Pelo menos tentar não custa… Pelo menos eu tentei!
Gostava de lhes conseguir criar esse gosto agora, para que na adolescência já esteja enraizado. Para que, quando forem adolescentes, tenham algum do seu tempo, ou a maior parte do seu tempo, bem ocupado. Em termos de desporto, escolhi a natação. Eles gostam, já têm os seus amiguinhos da piscina, e é dos desportos mais completos que conheço. Para o lazer, escolhi a música. Temos a sorte de ter uma banda filarmónica relativamente perto de casa… E eu acredito que a música (principalmente a clássica) faz bem a tudo: desde a concentração até à descontracção.
O mais velhinho começou há 2 meses, as pipocas ainda não têm idade. Estou feliz porque apesar de no inicio ele não ter querido ir, agora está a gostar, é responsável e não se esquece dos trabalhos de casa que o professor de música mandou fazer. Espero francamente que ele continue a gostar e se mantenha por lá muitos anos… Pois além de garantir uma boa ocupação, facilmente convencerei as manas a seguir os passos dele!