30 dezembro 2012

(Quase) contente com o Natal


Estou (quase) contente com o Natal.
A ceia foi fantástica. A ceia foi o que devia ser o Natal: a família à volta da mesa. A família toda, na nossa casa. Uma ceia de improviso porque uma das pequenas ficou doente, que acabou por se transformar num delicioso convívio de 21 pessoas sentadas à mesa. Na minha mesa. Na minha casa. Foi fabuloso. Foi Natal!

Depois vieram as prendas, e eu estou (quase) contente com as prendas. Contente, porque consegui pôr travão no exagero e limitar quantidades - oferecendo prendas conjuntas, e sugerindo aos familiares que fizessem o mesmo; oferecendo mais livros do que brinquedos... Quase contente, porque ainda assim acho tanto... O Natal devia ser a mesa e a família... Eu ambiciono que os pequenos se lembrem do Natal pela mesa de toalha vermelha, pela família reunida e pela agradável confusão de tanta gente... Por isso eu estou (quase) contente com o Natal: a ceia foi fabulosa, os presentes foram (quase) equilibrados...

12 dezembro 2012

Simplificar - a segurança das crianças

A segurança em coisas básicas. Em coisas que só nos lembramos quando o acidente acontece.

As portas das várias divisões da casa têm chave? E têm a chave na porta? As minhas portas não têm chave na porta, foram todas retiradas quando o mano crescido nasceu. Na verdade não fazem falta.

O que se guarda debaixo do lava-loiça? Desde que nasceu o primeiro filhote, guarda-se o azeite, o vinagre, o sal, os alhos e cebolas, o louro... Desde que nasceu o primeiro filhote que os detergentes migraram para a prateleira mais alta da dispensa, ficou apenas em cima do lava-loiça o detergente da loiça. Também nos armários do wc deixou de haver detergentes, agora os detergentes do wc são vizinhos dos detergentes da cozinha na mesma prateleira da dispensa. No armário do wc guarda-se papel higiénico, caixas de lenços, guardanapos... E devo dizer-vos que tem o seu quê de divertido, quando numa festa me perguntam onde há mais guardanapos e eu respondo "no armário do wc..." :)

Que medicamentos há espalhados pela casa? Muito poucos. Os que estão a uso, apenas, e esses ficam em cima do frigorífico onde só os adultos chegam. E dos que não estão a uso, desde que nasceu o primeiro filhote, levaram uma grande volta e concentrou-se o indispensável numa única caixa. Uma caixa fechada, numa prateleira alta do roupeiro, facilmente acessível aos papás mas fora da vista das crianças.

O que se guarda na prateleira mais baixa da dispensa, onde os filhotes crescidos já chegam? Pacotes de leite, garrafas de água, chás, ovos e algumas especiarias.

Há coisas simples na vida que podem evitar grandes dissabores no futuro...

09 dezembro 2012

Por uma vida melhor - Seja corajoso

Reforce a coragem, seja capaz de sofrer sem se afundar ou queixar. Tem medo? Façamos então as coisas com medo... Mas com coragem.

Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo.
Mark Tawain
 

05 dezembro 2012

As birras

As birras são uma coisa linda de se ver. Em público então, acho que são fenomenais. Já passei a fase de ficar envergonhada com as birras. Agora sinceramente dão-me vontade de rir e de pegar numa câmara de filmar: filmar a birra para daqui a uns anos mostrar aos meus filhos as suas lindas figuras. Daqui a uns anos, quando também eles tiverem filhos. Acho que iam gostar de ver. E filmar quem assiste, e se possível fosse filmar também o que vai nas cabeças de quem assiste, que deve ser algo muito semelhante a "estes pais já não têm controlo nos miúdos, como é que é possível deixá-los fazer estas figuras...".

As birras fazem parte do crescimento dos nossos meninos. São a forma de nos dizerm algo, se calhar algo tão simples como "eu tenho esta frustração e não sei lidar com ela". E na nossa reação às birras, os pequenos têm a chave para a próxima birra: se nós cedemos eles sabem que podem continuar a esticar a corda. E vão fazê-lo. Se nós nos rimos eles sabem que afinal não é grave. E vão repeti-lo. Se nós dizemos não e depois acabamos no sim, eles sabem que não somos firmes. E vão testar-nos de novo. 

As birras fazem parte do nosso crescimento também: ensinam-nos que ou nos mantemos firmes, ou não teremos sucesso. Que ou nos mantemos serenos, ou os gritos vão aumentar de volume. Que ou ignoramos a birra, ou ela irá repetir-se. Que ou pomos os nossos filhos no seu lugar, ou nunca termos o nosso lugar e nunca faremos nada deles. Dizer não é difícil - mas é a nossa melhor arma.

04 dezembro 2012

A sobrevivência da árvore de Natal

Chegou o Natal. Chegaram as luzes, a árvore, a decoração quente. Vão chegando os presentes. Aos poucos, trazidos por um Pai Natal que ainda existe. Chegou um para o pai, chegou um para a mãe, chegaram para os primos... "E para nós??" Têm que se continuar a portar bem. O Pai Natal ainda deve andar a decidir quem merece prendas e quem não merece... :) Acatam. Aceitam. É melhor portarem-se bem, não vá o diabo tecê-las e ficarem sem presentes... 

E a árvore em si? Não mexer nas bolas, não mexer nas fitas... É possível? Claro. Decidimos em conjunto que cada um ficaria responsável por um enfeite, e a mamã pelos restantes. Cada um só pode mexer nos seus, pôr e tirar e repor onde acha que fica melhor. E, para espanto da própria mamã, funciona!!! O mesmo se passa com os presentes. Os presentes, que cá em casa vão sendo colocados na árvore, e na árvore permanecem até ao dia de Natal. Não por os presentes na árvore não me sabe a Natal. As crianças não saberem lidar com os presentes que lá estão mas que têm um "quase-estatuto" de intocável, parece-me falta de disciplina e de regras. Estão lá porque o Pai Natal os trouxe. O Pai Natal só quer que sejam abertos no dia de Natal. E para abrir, já nem sequer me pedem. O dia de abrir prendas ainda está longe. É importante saber esperar. É uma lição escondida que o Natal nos trás, se a soubermos aproveitar. Quando ao mexer... A conversa fia de outra maneira. De vez em quanto tentam. Tocam, tiram as medidas, abanam... Eu deixo, desde que não abusem. E que não estraguem. Eu deixo, que também me lembro de namorar as prendas, a tentar descobrir o que me iria calhar... Chama-se Natal :)

28 novembro 2012

Eu não estudo com os meus miúdos

Eu não estudo com os meus miúdos - mas faço-os trabalhar imenso.

Uma vez li um artigo. Já não me lembro onde. Mas lia-se que a falta de responsabilização no estudo pode muito bem ter origem na falta de responsabilização noutras áreas. A grande maioria das crianças tem a papa toda feita, em todas as áreas da sua vida. Eu ainda estranho, continuo a estranhar, os ares incrédulos quando conto que os meus filhos se vestem sózinhos desde os 3 anos. Quando conto que comem praticamente sózinhos desde o ano e meio / 2 anos, quando conto que se ajudam uns aos outros a despir para o banho, que apertam sapatos sózinhos, que não precisam de mim para por a pasta na escova e lavar os dentes, nem para lavar a cara, nem para por creme.
Ainda só o crescido está na escola de verdade, e ele não é bom aluno porque alguém se senta todos os dias com ele a estudar. Ele é bom aluno porque desde sempre se trabalhou com ele a arrumação, a organização, a gestão do tempo, a partilha das tarefas domésticas. Ele é bom aluno porque sempre se aproveitaram oportunidades para estudar cores, letras, números...
Ele hoje sabe perfeitamente que não pode ver televisão se os trabalhos não estiverem feitos e a música estudada. Ou se o quarto estiver de pantanas. Ele sabe também que o "não" vale mesmo "não" e não há volta a dar. E ele gere o seu tempo: estuda, arruma, ajuda, para poder ver televisão se lhe apetecer.

Ninguém se senta com ele a fazer trabalhos ou a estudar: mas ele trabalha imenso. Há muitas formas de estudar e trabalhar com os miúdos, pelo menos na fase do pré-escolar e 1º ciclo. Quando não trás trabalhos, é importante trabalhar na mesma. Mas não tem que ter tom de obrigação. Tem a forma de uma ficha inventada, ou de uma palavra para fazer frases à volta, ou de uma brincadeira de professores e alunos em que o adulto é o aluno e o professor que tem que passar trabalhos para o aluno fazer. Para ele estamos a brincar - mas nestas brincadeiras estuda imenso, trabalha imenso e isso trás-lhe uma grande destreza para fazer o resto sózinho. 

Outra coisa que aprendi ser importante são os livros como amigos, e material sempre à disposição para eles poderem ser criativos (folhas, lápis de carvão e de cor, tesoura, cola...) .

O segredo de um bom aluno ou de um bom profissional passa sempre pelo muito, muito trabalho. Não me parece que haja exeções.

14 novembro 2012

Quem diz a verdade não merece castigo

Mentir é fácil. Dizer a verdade trás o pânico do castigo e da punição. Mas sabes, filhote? Quem diz a verdade não merece castigo. Acho melhor dizeres a verdade. Ganhas mais em dizer a verdade. Ficas vermelho dos pés à cabeça, e voltas a insistir num qualquer "não fui eu". Dou-te a última oportunidade. Pela última vez, o que foi que aconteceu? Estás a tirar-me do sério. Mas só porque insistes na mentira, se dissesses a verdade já tinhamos resolvido isto. "Como é que sabes que estou a mentir?" As mamãs sabem coisas estranhas, de uma maneira estranha. É quase porque sim. Mas sabem. E, pela última vez, vais ou não contar-me a verdade? Pões as mãos a proteger a cara, assumindo que o que vais dizer é um tanto ou quanto grave e te vai trazer uma palmada. Mas vês o caso bastante mal parado, e acabas por dizer a verdade. Para teu espanto, não recebes uma palmada. Em vez da palmada tens um abraço. Empurras-me para te soltares do abraço, olhas para a minha cara, com um ar de "mas o que é que se passa aqui??". Disseste-me a verdade. Quem diz a verdade não merece castigo. O que fizeste foi feio, é verdade. Mas disseste a verdade. E, só por isso, não mereces castigo. E eu acrescento ainda na tentativa de te incentivar a dizeres sempre a verdade, que "Ia proibir-te de ires ao parque hoje. Como me disseste a verdade, podemos ir" :)

02 novembro 2012

A responsabilização em vez da desculpa

aqui tinha falado de como comecei cedo a responsabilizar os meus pimpolhos, atribuindo-lhes tarefas domésticas. Além dessa responsabilização, há também a responsabilização pelos próprios atos. Os atos trazem consequências. As consequências devem ser sentidas e entendidas... Só assim os atos serão melhores para a próxima vez.

Por descuido ou falta de atenção ou quiçá apenas por acidente que a qualquer um poderia ter acontecido, o teu instrumento musical caiu ao chão quando o ias arrumar. O teu instrumento a sério. Aquele que o professor de música te recomendou veementemente que não podia cair ao chão, porque era muito mais frágil do que aparentava. Foi sem querer mãma... dizem já as tuas lágrimas prontas a saltar. Eu sei que foi sem querer. Mas foste tu. E ainda que sem querer, a responsabilidade é tua. Não quero dizer ao professor!!!! as lágrimas agora caem a sério. Não queres dizer ao professor?!?!? Então??? Vais esconder??? Caso não saibas meu menino, esconder é o mesmo que mentir... Vais mentir ao professor?!?!?! Então mas o que lhe vou dizer?? A verdade. Que foi um acidente. Vais perguntar-lhe se tem arranjo, mandar-se-á arranjar, e vais pagar-lhe com o dinheiro que receberes no Natal. As tuas lágrimas caem com intensidade. Porque não queres ficar sem prendas. Porque não foi de propósito. Talvez penses que a mamã é tão má que deveria assumir o acidente e desculpar-te perante o professor. Mas a mamã não o fará. Porque só essas lágrimas que agora correm te ensinarão que há cuidados a ter, e que o primeiro responsável pelos nossos atos somos sempre nós próprios. Depois de muita conversa e algumas lágrimas, acabaste por concordar comigo. És um crescido. És um valente. Disseste a verdade ao professor, ainda que os teus olhos brilhassem de medo e todo o teu corpo estivesse tenso com a dúvida do que ira ele dizer. O professor desvalorizou, disse que não era grave. Tu sorriste e descomprimiste, o teu dinheiro do Natal já não estava comprometido. Eu sorri também, porque sei que a lição ficou lá :)

24 outubro 2012

O que trouxeste para mim?

Fui às compras. Encontrei uns ténis lindos em promoção para o filhote crescido. Comprei. Entreguei. 
Os teus olhos brilham, agradeces e dás-me um abraço sincero. Ao lado outros olhos brilham, e sai a pergunta "O que trouxeste para mim?". Um pouco mais ao lado outros olhos transparecem a mesma excitação e duas mãozinhas ainda com as covinhas de bebé revistam o saco, adivinha-se a mesma pergunta. Ao que eu respondo "Nada". Soltam-se uns gritinhos de vítima e as lágrimas de corcodilo "Mas eu também quero!!!!....". Eu sei. E a mana bebé concerteza também queria. E eu, eu também queria. Mas sabes? Tu tens uns ténis, e eu também. Não precisamos de mais. 
O choro acentua-se um pouco. E eu acrescento: "O que comprei para o mano quando te comprei esse vestido lindo que trazes?" Sai um "Nada" tímido. O choro cessa. Afinal nem sequer havia lágrimas. Afinal meus lindos príncipes, vocês sabem. Sabem que não tem que ser igual para todos no mesmo momento. E eu sinto-me feliz :)

09 outubro 2012

Simplificar - o lanche para levar para a escola


O lanche para levar para a escola prepara-se ao fim-de-semana. Preparo e congelo meias-sandes variadas: queijo, fiambre, compotas caseiras diversas. Durante a semana, quando me levanto junto em cada lancheira uma destas sandes e um iogurte ou um pacotinho de leite. E assim, na confusão da manhã, eu demoro apenas 10 segundos a preparar os lanches!

04 outubro 2012

Baby Blues

Lágrimas prontas, soluço fácil. Hoje relembro com ternura os meus três capítulos de baby blues. Hoje vejo de fora, aprecio e admiro a força que uma recém-mamã empunha para não se deixar bater no fundo quando é mãe.

Primeira viagem. É tudo novo. É tudo diferente. O bebé chora, eu não sei porquê. Eu choro. O papá não entende porquê. Talvez nem eu entenda. Sinto-me tola. Mas choro. Por qualquer coisa. Acumulam-se as horas não dormidas. Chovem bitates de outras mães que são as melhores do mundo, eu é que sou nova na questão e não percebo nada disto. Estás a fazer mal. Porque não fazes como eu. Porque não tentas assim. Se calhar tem fome. Ou frio. Ou sono. Ou cólicas. Penso que não, mas aceno que sim com a cabeça. E às tantas questiono-me. E choro. Foram muitos dias assim. Ser mãe não é fácil.

Segunda viagem. Já estou vacinada. Contra a crítica alheia. A mãe sou eu. O bebé é meu. Mas acontece que afinal há outro bebé. O bebé crescido que reclama colo. E mimo. E atenção. E eu fico triste. Como dantes. Talvez com maior contenção nas lágrimas. Mas triste. Quero enterrar a cabeça na almofada e que ninguém fale comigo.

Terceira viagem. Sei que afinal não é uma coisa simples, isto de ser mãe, ainda que já tenha sido mãe antes. Sei que vou sentir-me triste, tenho medo de não ser capaz. E choro - porque sei que me vou sentir assim. Já sei que é assim. E, estupidamente, dou ouvidos a todos os bitates de toda a gente. E choro... Porque ouvi os outros e não a mim enquanto mãe. 

Assim foi o meu estado de espírito nestas três grandes etapas da minha vida. Assim olho hoje para isto: com ternura, com a certeza que se supera - ainda que na altura nos pareça que tudo desaba e que nunca seremos capazes!

01 outubro 2012

Organizar (ME)

Organizar-ME. Por dentro. Arrumar ideias. Arrumar-me. Porque a minha casa está um caos...
Volta e meia acontece. As coisas vão ficando por fazer. Não houve tempo, houve um imprevisto, um filhote que vomita outro que faz xixi na cama, um que cai e se magoa a sério. Tudo isto nos carrega no botão que ordena as prioridades. O que era importante deixou de ser, a urgência tomou conta de nós. Acho que todos conhecem este cenário... Acho que calha a todos. E a casa entra automaticamente em estado de sítio. Olha-se à volta e está tudo por fazer...


Nestas alturas, e no meio do caos, procuro sentar-me sózinha algures num local sossegado. Num registo de "não me incomodem, não estou cá, volto dentro de 15min". Normalmente faço isto depois de deitar os pequenos - é mais fácil garantir 15 minutos sossegados! Nestes 15 minutos, procuro organizar-me por dentro. Definir 3 - e apenas 3 - coisas importantes a fazer no meio do caos. Quando entro novamente em cena, e antes de me focar nas 3 coisas a fazer, arrumo tudo o que está desarrumado, em todas as divisões da casa. Ás vezes demora. Normalmente demora. Tento não me distraír e levar tudo a eito. Depois de arrumar tudo, faço as 3 coisas que decidi serem importantes. Quando termino, por incrível que possa parecer, a minha casa parece outra... E não custou tanto assim... :)

21 setembro 2012

Pequenos workaolics


Sim, são os nossos filhos. São os desgraçados dos nossos filhos, que aos 6 anos começam a carregar o peso do mundo às costas, numa mochila incomportavelmente pesada de coisas e coisinhas. Estas pequenas criaturas que deviam ser crianças e, não obstante as obrigações escolares, deveriam apenas brincar. Mas estes pequenos workaolics não brincam. Porque têm escola, e depois actividades de enriquecimento curricular como a música, a educação física e o inglês, e depois prolongamento na escola ou ATL, e depois desportos e outras mais actividades que os mantém ocupados todo o tempo que os pais precisam/desejam. E depois são horas de jantar e dormir e acabou mais um dia. Amanhã o disco toca o mesmo. Estes pequenos workaolics têm ainda pelo meio os trabalhos de casa, e simplesmente não têm tempo para brincar. E o pouco tempo que resta, muitas vezes também não é para brincar – é para ver televisão, que assim não incomodam os pais. Depois não se entendem – ou não se querem entender - as birras e as chamadas de atenção. Depois não se percebe, daqui a 15 ou 20 anos, que aceitem trabalhar 18 horas por dia a custo zero ou pouco mais do que isso, não se percebe que aceitem não ter vida e que só trabalhem, trabalhem, trabalhem. Eles estão a ser formatados, desde pelo menos os 6 anos de idade, a ter um dia exageradamente preenchido... Se calhar é altura de abrandar o ritmo... E porque eu gostava que os meus filhos não fossem workaolics, nem hoje nem nunca, optei por não os inscrever nas Actividades de Enriquecimento Curricular. Têm a componente letiva, e depois têm a instituição avós. E mesmo assim há dias que chegam ao fim do dia completamente de rastos!  

18 setembro 2012

Quando me sinto fraca, torno-me mais forte


Quando me apetece fugir, quando acho que não sou capaz, obrigo-me a respirar fundo. A pensar que tenho que respirar fundo e que não vou poder fugir. Tenho 3 pares de azeitonas a olhar para mim. Não há como fugir – há apenas que agir. Respira, respira, respira. Mamã não batas, não ralhes, respira apenas. Sai de cena. Dá um giro ao quarto, ao wc, olha-te ao espelho e respira. Ri. Ri da tua figura e da tua fúria. Tu consegues. Aproveita – porque se consguires respirar fundo, tu vais crescer. Porque não fugiste – resolveste :)

E os filhotes? São iguais a nós. Quando se sentem fracos, se conseguirem superar o medo, tornar-se-ão mais fortes. Há que lhes relembrar medos antigos que já tiveram - e a forma corajosa como os conseguiram superar. Por vezes compro guerras para conseguir chegar onde quero. Por vezes há choros agudos, aliados a gritarias "Mas eu não consigoooooo!!!!". Consegues. Porque eu sei que consegues. Porque eu acredito em ti. Não me vais decepcionar, pois não?!?! 

Por uma vida melhor - Aproveite bem o seu tempo


O verdadeiro rosto de um homem apressado - que não tem tempo para estar com os outros, para os ouvir, para os ajudar - é quase sempre o de alguém que passa, em alguma zona da sua vida, demasiado tempo a fazer coisas inúteis ou despropositadas.
Paulo Geraldo

30 agosto 2012

Simplificar - as minhas compras


Normalmente só saio para fazer compras para mim 2 vezes por ano (verão/inverno) e sempre para comprar o que preciso para completar as 7 mudas de roupa que gosto de ter completas (7 de verão e 7 de inverno). O pouco que compro, tento comprar bom. Este ano comprei umas calças de ganga - porque rasgaram-se (de gastas) as que tinha há já 16 anos. Comprei umas calças boas - na esperança que me durem pelo menos 10 anos, e assim o meu investimento sairá muito barato.
Tenho também o meu mimo anual - compro uma muda de roupa para os meus anos. Esta é a minha roupa nova de inverno e tento sempre, dentro do que se usa, comprar algo suficientemente clássico (em termos de cores e padrões) para que seja usável nos 2 anos seguintes (pelo menos). No verão compro um vestido ou uma t-shirt que se coadune com o que já tenho.
Antes de comprar seja o que for, dou uma volta ao meu roupeiro: o que não é vestido há mais de 2/3 anos, ponho num saco para dar. Quando a roupa da estação excede as 7 mudas, escolho o que gosto menos e ponho também no saco para dar. E assim o meu roupeiro é  simples e espaçoso!

Quando o sim é indispensável

Dizer não é importante. Mas dizer sim também.

Apetece-me dizer 
"Não faças isso" 
"Não te portes mal" 
"Não faças disparates". 
É tão fácil dizer "Não faças". 

É tão difícil dizer 
"Parabéns. Portaste-te tão bem hoje" 
"Obrigada. Arrumaste os teus brinquedos e assim esses brinquedos não ficaram para eu arrumar" 
"Estou tão orgulhosa de ti. Cumprimentaste todas as visitas com um sorriso e sem reclamar".

É tão difícil, e as crianças precisam tanto. Um elogio surte muito mais efeito do que qualquer frase que se inicie com a palavra "Não"... Um elogio, um simples reparo "Está tão arrumadinho aquele livro, tenta agora os legos" funciona muito melhor que qualquer "Não quero ver os legos no chão"!!!!!

Tentem o elogio... em detrimento do não. Verão que o resultado é muito mais positivo e motivador. As crianças precisam de saber o quanto gostamos delas. Preciam de saber que ficamos felizes com pequenas coisas que elas fazem. E precisam de ouvir isso, precisam de sentir e de saber que os seus pais serão sempre o seu porto seguro!

28 agosto 2012

Simplificar - as compras do supermercado (e o orçamento!)


Nunca vamos às compras sem lista. E a lista faz-se no dia a dia - quem tira a última "qualquer coisa", escreve na lista. Por exemplo quem abre o último pacote de leite, de arroz, de guardanapos, escreve na lista. E assim garantimos que nunca se chega a stock zero, nem nunca se compra em demasia. Até os miúdos já se habituaram à lista: "mamã, já só ficam 2 iogurtes, queres que ponha na lista?" :)

07 agosto 2012

Percentil 95... de gordo...


Engordar quando se é magro, é relativamente fácil. Emagrecer quando se tem peso a mais, é relativamente difícil. Reverter doenças associadas ao excesso de peso, como por exemplo a diabetes, é praticamente impossível…

Volta e meia surge a conversa orgulhosa “o meu bebé já pesa tanto, está no percentil 95, já veste roupa para 2 anos apenas com 9 meses!!!”. E eu penso se estarão bem limpos os meus ouvidos… Se realmente terei ouvido um tom de orgulho numa afirmação destas… E dado que ouvi bem, meto-me na minha vida e nada digo pois cada um saberá dos seus, mas engulo em seco e espero que não chegue a pergunta “então e os teus?” Mas claro que chega a minha vez de falar, e eu respondo invariavelmente “os meus vestem para a idade certa… são altos mas magritos… ”. Na verdade, tenho vontade de dizer “comem apenas saudável e muito saudável… brincam mais do que vêm tv… por isso são magritos”. Na verdade, tenho vontade de dizer “a bebida das refeições é água, comem sempre sopa, comem sempre salada e/ou legumes cozidos com o prato principal, comem sempre fruta, comem o que lhes apresento às refeições quer gostem quer não gostem, não há comidas especiais para ninguém, se não gostam tanto comem menos, comem grelhados e cozidos e assados que é o que se gasta cá em casa, e se ao fim de semana há sobremesa claro que têm direito a comer mas apenas se à refeição comeram em condições,…“ Eu tenho vontade de dizer que o que há de mais apelativo na minha dispensa é bolacha maria, e no frigorífico são os iogurtes… Mas quando digo alguma coisa de tudo isto que me apetece dizer, quando eu faço um comentário “porque não experimentas um pãozinho com fiambre em vez de um qualquer snack super calórico?”, tenho como resposta “ah mas o meu come muito mal, e ao menos a coca-cola ajuda a empurrar, e ao menos come um kinder entre refeições senão não comia nada, e lancha bolachas de chocolate que pão não gosta…” E eu sinto-me tão triste por estes meninos, e por estes pais que muito provavelmente inconscientemente fomentam uma futura obesidade e sedentarismo dos seus filhos… Lembrem-se mamãs, lembrem-se da vossa adolescência,  daquela parva idade em que nos achamos tão gordinhas e queremos fazer dieta… Não será bom que nessa altura, ainda que lhes dê a paranóia da magreza, os vossos filhos sejam elegantes em vez de obesos?!?!? Não será melhor que eles tenham motivos de orgulho na sua silhueta e não vergonha de serem gordinhos?!?!? 

Eu não os proíbo de comer nada… Simplesmente não tenho determinadas coisas em casa, não fazem parte do nosso dia a dia. Os refrigerantes bebem-se nas festas e sempre com moderação, os doces das festinhas da escola vêm para casa e gerimos em conjunto quando serão comidos. Claro que tenho que comprar algumas guerras… Porque o amigo também come, porque o amigo também faz, porque sou a pior mãe do mundo quando obrigo a comer o que não gostam… Mas ninguém disse que educar é fácil!! E com todos os problemas de obesidade e doenças associadas, sinto-me francamente feliz por nenhum dos meus filhos estar acima do percentil 50 de peso!!!

05 agosto 2012

Simplificar - o kit de primeiros socorros


O meu kit de primeiros socorros para as saídas (férias, passeios,...) é uma pequena bolsa com cerca de 20cm de largura e 8cm de altura. Ou seja, está sempre pronto e cabe em todo o lado: no saco do lanche, na mala de viagem, até na minha mala. E tem tudo o que possa fazer falta:
- Termómetro
- Ben-u-rom para as várias idades
- Soro fisiológico em doses individuais
- Compressas esterlizadas
- Colírio e pomada para infecções oftalmológicas
- Bebegél e Lactogermine para prisão de ventre e diarreias
- Bucagel para aftas e afins
- Repelente mosquitos
- Água do mar
- Fenistil gel e Feniferidas
- Pensos rápidos
- E claro, Brufen para a mamã...

02 agosto 2012

Simplificar - os produtos de higiene


Há uns tempos tive uma grande alergia de contacto. A dermatologista pediu-me que levasse todos os produtos em que tocava, para fazer testes e verificar o que me provocou a alergia. Qual não foi o meu espanto... Quando enchi 2 sacos com shampôs, amaciadores, cremes hidratantes, toalhitas... Entre produtos de limpeza, os meus produtos de higiene e os dos miúdos, eram 2 sacos das compras cheios. Achei aquilo um tremendo exagero. Decidi que aquilo não fazia sentido nenhum, até porque foi muito difícil perceber o que me poderia ter feito alergia. Percebi que, também nisto, o minimalismo era preferível. E assim comecei a descartar tudo o que podia - os meus cremes hidratantes, afinal de contas o dos miúdos é bom e serve muito bem para mim. A minha gama de 3 ou 4 shampôs e amaciadores, pois no final de contas usava quase sempre o mesmo - o jonhson dos miúdos. Numas férias convenci o pai a aliar-se apenas aos meus produtos de eleição e a deixar também a frascalhada dele. Hoje usamos todos o mesmo hidratante, o mesmo shampô e o mesmo gel de duche. Hoje somos 5, e acho que nem 5 frascos há na casa de banho!

30 julho 2012

Fazer - 15 pequenas coisas


Chamei-lhe "Projeto 15". O meu "Projeto 15". Simples, eficaz. 15 passos pequenos mas significativos todos os dias. 15 passos que me aproximam dos objectivos importantes. O meu "Projeto 15" traduz-se em 15 peças de roupa passada, ou 15 brinquedos arrumados, ou 15 prateleiras limpas, ou 15 ervas arrancadas no jardim, ou 15 minutos a lavar janelas ou a fazer outra coisa que precise de ser feita... Não custa. E as coisas vão aparecendo feitas sem grandes canseiras...

26 julho 2012

O colo não é teu, é meu!

Hoje, amanhã, sempre. É tão bom dar colo. É tão bom ter colo.

O primeiro colo que dei a cada um dos meus filhos foi das maiores emoções que tive. O ar frágil, a mãe frágil. A segurança e o conforto de um colo. É tão bom dar colo sem pensar em mais nada. Só o colo. Só o ficar ali.

Quando o 2º bebé estava na barriga, o colo passou de delicioso a angustiante. A angústia de não saber como iria ser agora. De não saber como conseguiria eu dar dois colos. De ter medo de não conseguir continuar a dar colo a quem já dava. De sentir horrores com a dúvida se seria possível ser tão bom dar colo à mana como era ao bebé que já tinha. O medo de não ter um coração suficientemente grande é algo de muito estranho. As lágrimas que se soltaram quando deixei o meu bebé para ir para a maternidade acentuaram-me as dúvidas e os medos.

E, afinal, era mesmo verdade. Com os dois bebés era efetivamente mais difícil dar colo. A ambos. Porque ambos queriam. Porque ambos precisavam. Porque eu precisava dos dois ao colo, de dar colo aos dois, e nem sempre conseguia.
Fui tentando dar sempre colo ao mais crescido. Fui tentando que ele desse colo à mana. Acho que consegui. Acho que cresci, que aprendi e aceitei que há lugar para todos, e que cada um tem o seu lugar único e especial. Da 3ª vez consegui não sentir esta angústia. Sentia antes felicidade por ter mais um bebé a quem dar colo. Da 3ª vez tinha dois manos crescidos que brincavam aos bebés e davam colo um ao outro. E que me pediam a mana bebé para lhe darem colo, para ser a bebé da brincadeira. E solta-se-me uma lágrima envergonhada. Envergonhada, tímida, feliz. Por um colo que sabe tão bem.

Hoje temos "O colinho". O colinho é o meu momento com cada um deles antes de deitar. Cinco minutos de conversa com cada um sem os outros por perto, um momento meu e de cada um deles, um abraço, um beijo doce e uma canção de embalar. Eles adoram o colinho, eu adoro o colinho. É tão bom dar colo. É tão bom ter colo. É tão bom ter o colo deles.

23 julho 2012

Por uma vida melhor - Mime-se

Faça todos os dias algo por si e para si. 5 minutos, se não der para mais. Mas 5 minutos a fazer algo que realmente lhe dê prazer, esquecendo o mundo à volta. Qualquer coisa que o faça sentir mesmo bem. Para quem tem filhos como eu a maior parte das vezes só se consegue este tempinho depois de eles estarem a dormir. Mas consegue-se. Eu gosto de me sentar no silêncio a não fazer nada. Ou de ler 10 minutos antes de adormecer. Ou de folhear uma nova revista. Ou simplesmente de ficar à janela a olhar a lua e a cheirar a noite.

22 julho 2012

Simplificar - a mala de viagem


Achei engraçados os olhares no aeroporto postos sobre a minha família, o ar meio surpreso meio curioso das pessoas a olharem para nós: 3 miúdos, uma ainda bebé e encaixada no meu colo, os outros 2 ao lado, e 4 pequenas malas de viagem. Sem sacos, nem saquinhos, nem carrinhos de bebé. Uma senhora perguntou-nos mesmo... "Mas... conseguem descansar? Conseguem passar férias?" Claro que sim!!! A mamã é organizadinha...

 
E as malas para os 3 miúdos, para uma semana, resumem-se assim:
- 1 muda por dia para os miúdos;
- 1 muda por noite para os miúdos (e assim se for preciso fazem-se pequenas trocas entre estas mudas, e não é preciso levar mais roupa adicional para o caso de se sujarem ou de haver acidentes);
- uns chinelos, umas sandálias, uns sapatos fechados para cada um
- de entre as mudas da noite, 3 mais quentinhas (com calças e casacos de malha)
- 3 chapéus para cada um
- 2 fatos de banho para cada um
- pijama
- escovas dos dentes e do cabelo
- medicamentos básicos (termómetro, medicação para a febre, água do mar... )
- 6 fraldas por dia para a bebé, 2 pacotes de toalhitas
- meia-dúzia de pacotes de lenços de papel

 
Não levei brinquedos, apenas 2 ou 3 livros para se entreterem na viagem. Não levei, e não precisei. Nunca é preciso levar brinquedos para as férias. Vendo-se sem os seus brinquedos habituais, eles inventam brinquedos com o que têm ao alcance. E assim consegue-se levar o mínimo mas suficiente para 3 crianças, apenas com 3 pequenas malas (das pequenas mesmo). E ter mesmo férias :)

05 julho 2012

Por uma vida melhor - Não se queixe


Nunca te queixes, nem arranjes desculpas. Se algo te parecer injusto, prova o teu valor trabalhando duas vezes mais arduamente e sendo duplamente melhor.
Autor desconhecido

Tudo o que acontece, acontece de sorte que naturalmente o podes suportar ou naturalmente o não podes suportar; não protestes, mas, enquanto te for possível, suporta-o. Se ao invés é coisa que naturalmente és capaz de suportar, não reguingues, senão mais depressa dás com tudo em terra. Lembra-te, todavia, que és naturalmente capaz de suportar tudo o que de ti depende tornar suportável e tolerável; basta que consideres que é o teu interesse ou o teu dever a impor-te esse trabalho.
Marco Aurélio, in 'Pensamentos' 

03 julho 2012

Dizer não é difícil

A vontade é dizer não. A facilidade é dizer sim. Diz-se sim (ainda que anteriormente se tenha dito não), porque senão a criança chora. Diz-se sim, porque senão a criança grita. Diz-se sim, porque afinal de contas quem manda lá em casa já é a criança, e os pais nem sequer deram por isso.
As minhas crianças também choram. Também gritam, também fazem birras. Mas também sabem que de nada lhes serve. E, aos poucos, começam a perceber que melhor do que chorar pelo brinquedo novo, é tentar negociar "Ofereces-me este no próximo Natal ou nos meus anos?" Ainda que o Natal esteja a meio ano de distância, ainda que o último aniversário tenha sido o mês passado. As minhas crianças estão a aprender a saber esperar e a não querer tudo para ontem. E eu fico feliz quando (como aconteceu no passado dia da criança) lhes dou de presente um brinquedo que durante o ano tinha sido arrumado por castigo, e os seus olhares brilham de alegria: reconhecem o brinquedo, não é novo, mas é sinal que eles mereceram voltar a tê-lo. Sentem-se importantes. Eles ficaram felizes com um brinquedo que já era deles, sem questionar porque não tiveram um novo, afinal de contas era dia da criança. E eu fiquei feliz pelas tantas vezes que disse não e os ouvi chorar desenfreadamente, ainda que fosse mais fácil dizer sim e vê-los sorrir.

Uma época em que tudo é permitido sempre tornou infelizes aqueles que nela viveram. Disciplina, abstinência, cortesia, música, moral, poesia, forma, proibição, tudo isso tem como sentido último conferir à vida uma forma bem delimitada e determinada. Não existe felicidade desregrada. Não existe grande felicidade sem grandes tabus. Até no mundo dos negócios não podemos correr atrás de qualquer vantagem, porque nos arriscamos a não chegar a lugar nenhum. O limite é o segredo dos fenómenos, o mistério da força, da felicidade, da fé e da nossa missão, que é a de nos afirmarmos como ínfimos seres humanos num universo.
Robert Musil, in 'O Homem sem Qualidades'

Por uma vida melhor - Perdoe


Perdoe. Ignore. Não guarde rancor. Aceite que havia um motivo para alguém ter agido como agiu. Perdoe, e tirará um peso dos ombros. Perdoe, perdoe-se a si próprio, e seja uma pessoa mais leve. 

As ofensas, que na verdade consistem sempre na exteriorização da falta de consideração, colocar-nos-iam bem menos fora de nós mesmos se, por um lado, não nutríssimos uma representação tão exagerada do nosso elevado valor e da nossa dignidade - portanto, um orgulho desmesurado - e, por outro, se estivéssemos bastante cientes daquilo que, via de regra, no fundo do coração, cada um crê e pensa dos outros.
Que contraste flagrante entre a susceptibilidade da maioria das pessoas à mais ténue alusão de censura a seu respeito, e aquilo que ouviriam de si, caso surpreendessem as conversas dos seus conhecidos! Deveríamos, antes, ter em mente que a polidez habitual é apenas uma máscara burlesca; desse modo, não gritaríamos tão alto todas as vezes que esta fosse deslocada ou retirada por um breve instante.
Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

02 julho 2012

Simplificar - o roupeiro dos miúdos


Descobri que me governo muito bem governada com 7 mudas de roupa completas para cada um dos pequenos. Seja verão, seja inverno, antes de fazer as compras da estação avalio o que ainda está em bom estado e o que já não lhes serve. Verifico quantas mudas completas ou peças soltas me faltam para, com o que já tenho, fazer 7 mudas para cada um. E vou às compras com a listinha do que me falta. E passei a gastar muito menos dinheiro... A ter mais espaço, e a ter roupa suficiente.
Descobri que 7 é muito menos do que normalmente se tem para os miúdos. Descobri que 7 mudas completas resistem mesmo aos dias que chove a fio e a roupa demora 3 dias a secar. Descobri que os saldos só devem servir para procurar uma peça que realmente nos faça falta no momento ou que potencialmente vá servir para uma das 7 mudas da estação seguinte, e que ao comprar menos roupa posso pagar um pouco mais por uma muda melhor, ou por uma muda que me encha as medidas!

Além das 7 mudas, cada um tem 2 agasalhos de inverno e 1 de verão, 1 par de botas e 1 par de sapatos/ténis no inverno e 1 par de sapatos/sandálias e uns chinelos no verão. 

E a isto se resume o roupeiro dos meus miúdos.

29 junho 2012

O que as lágrimas nos ensinam

Afinal as lágrimas não são só água salgada com sabor a soro fisiológico. São uma grande escola.

As minhas normalmente dizem-me que alguma coisa não está bem, senão não me correriam pelo rosto. Dizem-me que é tempo de fazer uma pausa e de respirar fundo. Lembram-me como é bom e como faz falta respirar fundo. Mostram-me que talvez não tenha descansado tudo o que deveria e que preciso de dormir mais um pouco para não disparar automaticamente em todas as direções. Avisam-me que é altura de abrandar o ritmo. Alertam-me para algo que poderia ter sido feito de melhor maneira.

As dos meus filhos, são talvez um sinal mais forte. De que eles precisam de mim. De que precisam da minha ajuda para combater e aprender a lidar com as suas frustrações. Para que amanhã saibam lidar com elas sózinhos. As lágrimas dos meus filhos, aliadas a rostos demasiado comprimidos e tensos, tentam mostrar-me que se calhar me excedi num castigo ou no tom de voz. Questionam-me se seria mesmo preciso ter sido assim. Ensinam-me que se calhar da próxima vez há forma melhor de levar as coisas a bom porto. Mostram-me, sempre... que é tempo de respirar fundo e fazer uma pausa... Organizar-me por dentro... E recomeçar mais calmamente...

26 junho 2012

Férias

Férias marcadas. (O desatino das) malas arrumadas. Viagem. Longa, nas tantas perguntas "estamos quase?" "já chegámos?" "já falta pouco?".
Chegámos. Eufóricos (?) por qualquer razão que até deveria ser boa. Pela simples razão de serem férias. Esquecemo-nos apenas, uma vez mais, que as férias trazem na bagagem 24 horas extra. 24 horas de convivio, 24h com os filhotes. E angustiamo-nos. Todos. Isto devia ser uma coisa boa. Tenho um nó na garganta - a dificuldade que todos mostramos ter num convívio mais prolongado. Ainda que de férias, ainda que sem stresses de horários a cumprir. A partir do terceiro dia parece correr melhor. É triste: é tão triste perceber que ao longo do ano o que estamos juntos é afinal tão pouco... Tão pouco que agora conduz à necessidade de adaptação... Adaptação a algo que deveria ser aprazível desde o primeiro momento...

18 junho 2012

A rede

A rede é a razão de ser do meu sucesso...
A rede de ajudas devia fazer parte da vida de todas as mães. Antigamente esta rede era natural, vivia-se em comunidade e todos ajudavam, agora a rede tem que ser construída para que exista e ganhe forma. Mas a rede faz falta. A todos: a quem ajuda que por vezes precisa de se manter ocupado, aos pais que são ajudados, às crianças que têm vidas mais pacatas. A minha rede é minúscula e grandiosa. Minúscula em número: conta-se o pai. E conta-se a mãe. Grandiosa, porque o meu pai e a minha mãe são os simplificadores da minha vida. Porque o meu pai e a minha mãe permitem que os meus filhos sejam diferentes entre iguais: os meus filhos não passam o dia inteiro na escola – os avós vão busca-los e ficam com eles até eu chegar. Os meus filhos não almoçam na escola – almoçam em casa, confeccionado pelos avós, com o mimo dos avós. Os meus filhos não passam as férias no ATL – o ATL deles chama-se avó & avô & colo & histórias & brincadeiras na rua & idas ao parque & mergulhos na piscina. Os meus filhos não se levantam de madrugada para irem para a escola –  são os avós que se levantam de madrugada, para que eles possam dormir tudo a que têm direito. E a mamã? A mamã é uma sortuda nos dias que correm, uma mamã que não tem histórias de birras logo pela manhã para contar… Porque de manhã apenas pega em si mesma e segue para o trabalho. Assim como não tem histórias atribuladas de saídas em pânico do trabalho porque ligaram da escola… Porque das vezes que aconteceu ligarem, lá foi o avô buscar os seus meninos. As ajudas fazem da nossa vida e da dos nossos filhos uma vida francamente melhor. Procurem ajuda, peçam ajuda – aos pais, aos sogros, aos irmãos e cunhados, aos amigos. Construam a vossa rede. A vossa rede traduzir-se-á em crianças mais alegres, mais dadas e mais pacatas. Não tenham medo de pedir – pior do que antes de pedir será impossível ficarem, e tudo o que vier é lucro, para todos. Acima de tudo para as crianças.

03 junho 2012

Olhos postos no futuro - parte II

Além das tarefas de casa, empenhá-los numa actividade que os preencha é também uma forma de, num futuro próximo, eles não terem tempo vago para andarem por aí a vadiar. Ou sequer para passarem dias a fio de nariz enfiado na TV e nas consolas de jogos. Claro que muito advirá da cabecinha deles e do meio envolvente… Mas porque não tentar impulsionar as coisas no bom sentido, mantendo-os afastados tanto quanto possível dos tão conhecidos maus caminhos? Pelo menos tentar não custa… Pelo menos eu tentei!
Gostava de lhes conseguir criar esse gosto agora, para que na adolescência já esteja enraizado. Para que, quando forem adolescentes, tenham algum do seu tempo, ou a maior parte do seu tempo, bem ocupado. Em termos de desporto, escolhi a natação. Eles gostam, já têm os seus amiguinhos da piscina, e é dos desportos mais completos que conheço. Para o lazer, escolhi a música. Temos a sorte de ter uma banda filarmónica relativamente perto de casa… E eu acredito que a música (principalmente a clássica) faz bem a tudo: desde a concentração até à descontracção.
O mais velhinho começou há 2 meses, as pipocas ainda não têm idade. Estou feliz porque apesar de no inicio ele não ter querido ir, agora está a gostar, é responsável e não se esquece dos trabalhos de casa que o professor de música mandou fazer. Espero francamente que ele continue a gostar e se mantenha por lá muitos anos… Pois além de garantir uma boa ocupação, facilmente convencerei as manas a seguir os passos dele!

22 maio 2012

Olhos postos no futuro


As mulheres no geral têm uma mania muito parva de sofrer por antecipação. As mães no geral têm essa mania parva multiplicada pelo número de filhos. Não bastasse todas as preocupações que têm, ainda arranjam tempo para se preocuparem com o que ainda está para vir. E, enfim, estupidamente eu não sou exceção.
Penso muitas vezes na adolescência dos meus filhos. Ou em três adolescências em simultâneo. E penso que é uma boa ideia eles terem uma ocupação na fase mais parvinha da vida. E como nessa altura acredito que já seja tarde para os convencer seja do que for, porque rezam as minhas próprias lembranças de adolescente que há uma altura em que nos achamos senhores do mundo e da vida e em que achamos que os pais não estão cá a fazer nada a não ser a azucrinar-nos a cabeça e a proibir-nos de tudo o que a vida tem de bom, convenço-me que de facto é de pequenino que se torce o pepino.
E por essas e por outras, cá em casa são os meus filhos crescidos que põem a mesa todos os dias. Volta e meia zangamo-nos :
“ah, mas nós estamos a brincar…”
“Boa. A mamã também lhe apetece é brincar. Vamos todos brincar, e hoje não há jantar nem mesa posta”
“ah????? Mas mamã… temos que jantar…”
“A sério?!?! É que eu não me apetecia fazer o jantar… Porque a vós também não vos apetece por a mesa”
“Não mamã… era a brincar!! Nós vamos por a mesa!” 
Isto são as zangas meias a brincar. Mas também há as zangas a sério, acrescidas de uns ralhetes e eventuais palmadas por não estarem a fazer a parte deles.
Também são os meus filhos que ao fim-de-semana arrumam a loiça da máquina (aquela a que chegam aos armários, claro…), e que desmancham as camas para eu as fazer de lavado. Para eles é uma festa sem fim, para mim… É muito diferente ter que desmanchar e fazer do que chegar e ser só por os lençóis lavados!! Enquanto eles desmancham uma eu faço outra… Estou com eles, e um bocadinho aqui, outro ali, é muito tempo economizado!
Muitos me dizem “ah, coitadinhos, são tão pequeninos…” Pois são. Mas é em pequenos que eles têm que se habituar. Senão depois não há quem os convença.
A minha avó tem um ditado muito engraçado, que cada vez mais é o meu pensamento aliado de cada dia: “O que uma criança ajuda é pouco, quem desperdiça essa ajuda é louco!”

25 abril 2012

Prova de resistência

Há tantas coisas sobre as quais não falámos por pensarmos ser as únicas a passar por isso...

Sinto-me outra vez a andar para trás. Esquisita, descontente se algo ou alguém não rema para o mesmo lado que eu, ansiosa, mal-humurada qual adolescente que não entende muito bem o que se passa consigo.

3ª volta, mais uma corrida. 3ª volta, e re-descubro que a fase dos 12 aos 18 meses do bebé me deixam completamente de rastos, acho que nem sou bem eu. É a 3ª vez. 3ª volta, a mesma corrida. Parece que a  minha prova de fogo é entre os 12 e os 18 meses, e parece que ainda não aprendi a geri-la. E corro e tropeço, e corro e tropeço. E tento andar mais devagar para não tropeçar, e tropeço de igual maneira. E tropeço e caio, e caio e procuro luz ao fundo do túnel. 3ª volta, uma má corrida. E corro e tropeço: no trabalho, em casa, no dia-a-dia, no casamento, com os filhotes, com a família próxima... Na verdade, em praticamente tudo o que da minha vida faz parte. E tropeço e repreendo-me, por não ter aprendido ainda. E caio e levanto-me, dorida nos meus silêncios, mas com a esperança de não cair novamente, pelo menos não tão fundo como por aí se houve dizer que volta meia volta as mães caem. 3ª volta, mais uma corrida. Tudo se repete, o que me trás o alento que já não falta tanto assim para os 18 meses, e entre os 18 e os 24 meses tudo se resolve, e eu volto a ser eu. Aquele eu que me agrada mais.
3ª volta, 3ª corrida, 3ª queda... Apesar de tudo encanta-me... Esta estranha forma de cair e bater no fundo, aliada a uma estranha força que acaba por nos obrigar a xutar a bola para a frente... Encanta-me... Esta estranha natureza que é ser mãe e mulher! :)

29 março 2012

Quartos separados

Quartos separados, porque é um menino e uma menina. Quartos separados, porque são dois meninos ou duas meninas, mas a casa tem quartos que cheguem e assim têm a sua independência. Quartos separados, porque cada um tem os seus brinquedos. Bom... Quartos separados só me sugere separação e afastamento. E não saber partilhar, nem espaço, nem brinquedos, nem brincadeiras. E para mim, mais coisas para limpar e arrumar. E muito menos companheirismo entre os manos. E por tudo isto, eu optei pelo quarto comum, e estou muito satisfeita com o resultado :) É um menino e uma menina, mas eles hão-de saber mostrar-me quando já não se sentirem bem no mesmo quarto. Nessa altura logo os separo. E dentro de pouco tempo a mais nova junta-se a eles, também no mesmo quarto. Ficará um pouco atravancado, é certo... Mas os crescidos pediram-me assim, e eu fiquei muito feliz com o pedido :) Assim como fico feliz, à noite, a escutar as conversas deles... É tão engraçado o que eles conversam longe da presença da mamã, fico tão feliz ao presenciar esta cumplicidade!!!!

17 março 2012

A esponja do banho

Acessório útil, ou acessório fútil????


Para mim foi útil, até que uma enfermeira me disse uma coisa muito curiosa... "Dá banho com esponja ao seu bebé?!?!???" Ah... sim... não devia?
"Diga-me a mãe se devia ou não: esta é a única altura em que lhe pode 'passar a mão no pêlo' à vontade, que à medida que for crescendo, vai deixar de conseguir porque o seu filho não vai deixar. As mães não percebem o quão importante é o contacto físico... E descuram muitas oportunidades de o fazer, como seja a hora do banho"
Fiquei preplexa... Mas a pensar que o que ela me dizia fazia sentido... Incentivam-se massagens e afins pela importância do contacto e de com esse contacto criar laços profundos... E o banho, o simples banho, em que podia haver esse contacto, eu usava esponja... Bom, deixei de usar. E de facto... é tão bom passar a mão no corpinho deles!!! É tão diferente passar só a nossa mão ensaboada do que passar a esponja!!!


E hoje, que já não uso esponja, penso numa analogia muito simples: gostamos mais de receber um carinho de alguém com luvas ou sem luvas?!?! Parece-me óbvio que é sem luvas... Parece-me por isso óbvio que também ao bebé saiba melhor uma banhoca com a mão da mamã do que com esponja ou luva de banho!! E por isso hoje aproveito... Cada um destes momentos maravilhosos!!!!

09 março 2012

Dormir na cama dos pais?!?!?!

Sim, às vezes... Poucas vezes, muitas vezes, conforme calha... Porque não?!?! Porque todos nos dizem "ah, e é um mau hábito, ah, e tornam-se muito dependentes, ah, e depois ninguém os desabitua...." Ahhhh... e que tal fazer valer o bom senso?!?!?!

O meu primeiro bebé só começou a adormecer sózinho para lá dos 2 anitos. De dia adormecia ao colo, à noite ou adormecia na cama dele com alguém a abaná-lo e a fazer festas na cabeça até adormecer, ou adormecia comigo na minha cama. O pai quando se ia deitar pegava nele e punha-o na cama dele. Quando acordava de noite, das duas uma: ou aceitava ficar com a chucha à primeira ou à segunda vez que tinha que me levantar agarrava nele e metia-o na minha cama. E volta e meia ouvia "ah, quando é que te deixas disso, ele já faz de propósito, que os miúdos são inteligentes..." Pois, é capaz. Mas eu antes quis ter algum descanso. E só pensava quão bom era ele dormir ali comigo. E quanto ao "mau hábito"... Bom, eu só pensava que quando ele chegasse aos 15 anos concerteza que não ia querer dormir comigo!!!!!
Quando ele passou para a cama de corpo e meio, pelos 2 anitos de idade, queria alguém deitado ao lado dele até adormecer, e chorava se saiamos antes dele adormecer. Até ao dia em que eu lhe disse que tinha que ir à casa de banho, mas que não demorava mesmo nada. Ele aceitou... e adormeceu entretanto. A partir daí, deitava-me com ele 2minutos...  E dizia-lhe agora vou só fazer isto ou aquilo num instante e já volto, pode ser? Ele aceitava... E acabava por adormecer. E assim passou a adormecer sózinho, já por volta dos 2 anos e meio.

Hoje, cada vez que algum deles tem dificuldade em adormecer, a minha cama é o porto de abrigo. E há-de ser sempre... Até que eles queiram :) E não me venham falar de dependências... Não acho que seja verdade. Ou melhor... mesmo que seja verdade, não me parece minimamente crítico, desde que saibamos sempre fazer uso do bom-senso em cada situação!

03 março 2012

Vamos arrumar os brinquedos?!?

Esta é, sem dúvida, a guerra mais recorrente cá de casa. É uma guerra de todos os dias, e todos os dias nos chateamos por isto. Todos os dias, lá estão os bons dos manos a brincar no meio da confusão sempre com a desculpa pronta “não fui eu, não fui eu, não fui eu.” Nunca foi ninguém. E lá vem a bruxa má, mais conhecida por mãe, impor um quarto a brilhar e ameaçar com o saco do lixo e com o aspirador. É, esta bruxa não tem vassoura, é das modernas, e tem aspirador e sacos do lixo. Aspirador que aspira tudo o que estiver no chão, e sacos do lixo para recolher brinquedos desarrumados para mandarmos para os meninos pobres. Com a explicação que quem tem tudo espantalhado é porque tem coisas a mais e não as merece. Porque quem merece mantém tudo limpo e arrumado. E sabem que mais? Resulta. Ou melhor, vai resultando. E apesar de todos os dias termos guerra, tenho de admitir que se vêm pequenas melhoras… E que aos poucos os meus filhos começam a não ser os miúdos mais desarrumados que conheço!!

E claro, as caixas abertas são sempre uma boa opção... os meus têm uma caixa para carros, outra para legos, outra para bonecos, outra para brinquedos de bebé... Nas prateleiras só há livros, caixas de jogos e peluches grandes. Não há miudezas nas prateleiras. É a forma mais fácil de os incentivar a arrumar. E é também a forma mais fácil de nós arrumarmos o que vai sobrando para nós!!

29 fevereiro 2012

Alone at home...

Volta e meia acontece... A mamã sózinha com os 3 principes. E como normalmente vem tudo a calhar, consigo acertar em cheio quando estou sózinha... E em vez de chegar a casa mais cedo, calha-me chegar bastante mais tarde...

Vou estar sózinha, e ainda por cima estou atrasada. Bonito... O jantar fica feito de véspera, felizmente. Chego já a praguejar ordens, e estamos atrasados, e vamos despachar... Pois, volta e meia acontece. E depois acontecem três olhares tristes... Com um brilho nos olhos que me diz "Acalma-te mamã... Acalma-te que quem se atrasou foste tu, e nós não temos culpa...". E eu respiro fundo, e abraço cada um deles. Uns segundos abraçada a cada um, ainda que em contra-relógio, fazem milagres. Um abraço quando estamos atrasados e ninguém me obedece, trás como que por milagre a calma e a serenidade. E na serenidade eu já consigo baixar o tom e dizer "Desculpem, a mamã está cansada e hoje atrasou-se. Já são horas de estar a acabar de jantar e ainda só estamos nos banhos. Mas mesmo assim eu gostava de brincar um bocadinho convosco. Será que podemos ser todos amigos por um bocadinho, ajudarmo-nos e despacharmo-nos todos para ainda conseguirmos brincar antes de deitar?". Sim, eu faço todo este discurso. Treinei muito, pensei nisto muitas vezes, houve tantas vezes que correu mal. Mas hoje, hoje que estou sózinha e chego tarde, as coisas resultam muito melhor. E hoje, depois de muitas tentativas, de muitos dias falhados e de outros tantos de sucesso, os meus principes já me conseguem arrancar um sorriso assim que chego quando me dizem "Tu atrasaste-te, mas nós vamos ajudar e vamos brincar todos no fim" :o)