25 agosto 2013

O lugar da tecnologia é para mim um lugar pequeno


Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história.
Bill Gates

Simplificar para mim significa ter apenas aquilo que realmente me é útil (claro que, não me sendo indispensavelmente útil, mantenho algumas coisas simplesmente porque me dão prazer). Às vezes coloco a mim própria a questão acerca de como consigo manter-me à margem de tanta coisa. Às vezes até eu me surpreendo. Gosto de ver o ar incrédulo das pessoas quando digo que os meus filhos não têm consolas de jogos. E que eu não tenho um iPad, e não tenho um smartphone. Tenho um telemóvel básico que comporta 2 cartões, que permite fazer e receber chamadas e sms. É o que realmente preciso. Quando precisei de um telefone com dois cartões, o meu marido queria oferecer-me um smartphone. Pensei nisso, e cheguei à conclusão que só serviria para perder tempo, além de ser mais caro. Não aceitei. Tenho um telemóvel que não tem internet. Tenho apenas uma televisão em casa. Tenho também um único computador, numa zona comum. Não tenho iPhone nem iPad. Os meus filhos não têm nenhuma consola de jogos. Os meus filhos vêm para casa a falar das consolas e dos iPads dos amigos. E eu digo-lhes apenas "É uma pena. Não sabem como é bom brincar ao ar livre, não conhecem o prazer de ler livros..." E duvido que sejam mais felizes que vós, apesar de viverem rodeados da última tecnologia.

21 agosto 2013

Férias - em conjunto

Que faríamos nós de jeito, papás e mamãs, se ao longo de um ano de tabalho não nos fosse possível tirar férias?!? Nada, provavelmente, pois o cansaço apoderar-se-ia de nós, e a desmotivação e falta de produtividade instala-se. As férias fazem falta, para repor energias e desligar do exageradamente atribulado dia-a-dia que hoje em dia todos temos. E as crianças? Não terão elas exatamente as mesmas necessidades? De repousar, de desligar da escolinha, dos professores e dos colegas? De arejar, visitar novos locais, ter novas experiências? As experiências nas férias são sempre diferentes, novas, sem pressão de quaisquer horários, e por isso muito enriquecedoras, desde uma ida à praia, ao  parque, uma viagem para outro país ou visitar familiares numa outra cidade. Além, claro está, da possibilidade de estar com as crianças a tempo inteiro, coisa que em nenhuma outra altura do ano acontece. Criar laços. Brincar. Simplesmente estar. Coisas que parecem tão simples, mas que infelizmente muitos pais não entendem. Muitos pais deixam os seus filhos na escola como todos os dias, para poderem fazer praia descansados. Ou deixam-nos com familiares para poderem ir conhecer um país descansados. A esses pais, pergunto: Alguma vez perguntaram aos vossos filhos se queriam ir convosco?? Talvez esses pais não entendam a importância de estar com eles e criar laços, talvez tenham um umbigo demasiado grande. Eu percebo que é muito mais descansado ir sem miúdos. Mas se realmente nós quisessemos uma vida descansada, teriamos optado por não ter filhos. Por isso papás e mamãs, não sejam egoístas, que o egoísmo é uma coisa muito feia. Assumam que têm filhos, com todas as implicações que isso trás. Adaptem as vossas férias, e chegarão à conclusão que eles se adaptarão também. A tudo o que os pais desejarem fazer. Eles são flexíveis - nós é que não.

Quanto às crianças, são crianças sim, mas precisam de descansar tal como nós. E precisam de estar connosco, sentir-nos porto de abrigo. Mandem os filhos para passarem férias com familliares apenas quando os pais ainda não têm férias, já que as férias dos miúdos são três vezes maiores que as nossas. E façam as vossas férias SEMPRE com os vossos filhos, e eles serão filhos mais felizes, melhor comportados, e com uma pré-disposição diferente para novas aprendizagens. 

19 agosto 2013

A importância dos rituais

Tenho lido aqui e ali que ter um serviço de jantar é de alguma forma algo supérfulo. Eu tenho um serviço de jantar. Que adoro e não dispenso. Que uso com frequência, porque faço várias festas em casa. Que felizmente ainda não teve nenhuma baixa (os bons serviços aparentam-se frágeis, mas são na verdade mais resistentes que os do dia-a-dia). Que tem que ser lavado à mão. Uma seca? Nem por isso... Uma alegria imensa ao ver uma mesa imaculada, com um serviço que não é o de todos os dias. Uma amena cavaqueira à volta do lava-loiça, que os dias de festa também são de entre-ajuda... 


Todos os fins de semana (ou quase) havia uma visita a casa dos avós. A mesa corrida, tantos lugares. A esperança de um prato especial, de uma sobremesa. Somos tantos. Avós, tios, pais, primos, netos, bisnetos. Somos tantos. Tantos pratos, tantos sábados sentados à mesa dos avós. E dos tantos sábados iguais, o desejo secreto que chegasse um sábado especial. Em tantos sábados iguais, havia sábados diferentes: Sábados em que os pratos eram de festa, os copos eram de festa. O prato principal era especial, a sobremesa estava garantida. Era o Natal, ou o aniversário da avó, ou do avô, ou Páscoa, ou Carnaval... Eram sábados diferentes, dias diferentes. Em que nos nossos olhos de miúdos brilhava a alegria de ser dia de festa. 

Tento prepetuar estes rituais. Tento que os meus filhos atribuam um significado especial a estes dias. Lembro-me de me sentir tão feliz por ser dia de festa. Por naquele dia (apesar de sermos exactamente as mesmas pessoas) haver uns pratos diferentes na mesa, por estar tudo perfeitamente alinhado e sem falhas. Hoje, na minha casa, sinto que os meus filhos sentem o mesmo. O facto de a loiça não ser a mesma, de a toalha não ser a mesma, de a mesa ser posta na sala e não na cozinha. Quando se aproxima um aniversário, perguntam-me se podem ajudar. A por a mesa e a preparar tudo, a por uma mesa que não é a mesa do dia-a-dia. Os olhos deles brilham. O dia de festa não é um dia igual. É um dia e toda uma sequência de rituais que ficará para sempre nas memórias deles. Rituais que (pelo menos assim o espero!) os manterão felizes no seio da família, suficientemente felizes para quando entrarem na tola adolescência continuem a fazer parte da vida deles, ocupando-os de forma saudável.

14 agosto 2013

Por uma vida melhor - Desvalorize...

Duas regras de ouro  para não fazermos tempestades num copo de água e para mantermos sempre um belo sorriso:

1. Não nos devemos aborrecer com pequenas coisas.
2. Todas as coisas são pequenas.

07 agosto 2013

Simplificar - a arrumação das gavetas

Gavetas amplas, com espaço para circular o ar, organizadas, indpendentemente do seu tamanho. Assim primo pelas minhas. A volta às gavetas é uma operação mais ou menos contínua nas minhas rotinas. Quaisquer 10 minutos vagos servem para dar volta a uma gaveta. Vou virando ora uma ora outra, quando chego ao fim volto ao início e há sempre coisas que afinal não faziam falta e que só servem para entulhar a nossa vida.
 
Ter muito pouco é uma coisa que me dá cada vez mais prazer. Ter gavetas vazias ou quase vazias é uma lufada de ar fresco. Cada vez que uma gaveta mal se consegue fechar, está na hora de a virar ao contrário, por lixo no lixo, doar o que não se usou no último ano. E organizar frugalmente o (pouco) que resta. Sem modas. Ou seja, sem organizadores. A moda dos organizadores e das gavetas divididinhas, a meu ver, serve apenas para dar mais trabalho. Porque os organizadores juntam mais lixo nos cantos do que uma gaveta organizada sem organizadores. Uma gaveta sem organizadores tem apenas 4 cantos para juntar lixo. Tem espaço para por mais coisas, e só por ter espaço demonstra organização. Uma gaveta com organizadores tem 500 mais cantos para juntar lixo e para guardar mais uma coisinha que na verdade está a mais. É bonito, é sim senhor. Mas não permite uma limpeza imaculada e exige muitas vezes gastar mais - o consumismo e as  modas são uma coisa espantosa.
 
As minhas gavetas não têm organizadores - têm poucas coisas, as suficientes, as que realmente adoro e me fazem feliz. Suficientemente poucas coisas para não dar trabalho nenhum arrumar uma gaveta. Seja ela de roupa interior, de talheres ou de brinquedos.