Pequenos workaolics
Sim, são os nossos filhos. São os desgraçados dos nossos
filhos, que aos 6 anos começam a carregar o peso do mundo às costas, numa
mochila incomportavelmente pesada de coisas e coisinhas. Estas pequenas
criaturas que deviam ser crianças e, não obstante as obrigações escolares,
deveriam apenas brincar. Mas estes pequenos workaolics não brincam. Porque têm
escola, e depois actividades de enriquecimento curricular como a música, a
educação física e o inglês, e depois prolongamento na escola ou ATL, e depois desportos
e outras mais actividades que os mantém ocupados todo o tempo que os pais
precisam/desejam. E depois são horas de jantar e dormir e acabou mais um dia.
Amanhã o disco toca o mesmo. Estes pequenos workaolics têm ainda pelo meio os
trabalhos de casa, e simplesmente não têm tempo para brincar. E o pouco tempo
que resta, muitas vezes também não é para brincar – é para ver televisão, que
assim não incomodam os pais. Depois não se entendem – ou não se querem entender
- as birras e as chamadas de atenção. Depois não se percebe, daqui a 15 ou 20
anos, que aceitem trabalhar 18 horas por dia a custo zero ou pouco mais do que
isso, não se percebe que aceitem não ter vida e que só trabalhem, trabalhem,
trabalhem. Eles estão a ser formatados, desde pelo menos os 6 anos de idade, a
ter um dia exageradamente preenchido... Se calhar é altura de abrandar o
ritmo... E porque eu gostava que os meus filhos não fossem workaolics, nem hoje
nem nunca, optei por não os inscrever nas Actividades de Enriquecimento
Curricular. Têm a componente letiva, e depois têm a instituição avós. E mesmo
assim há dias que chegam ao fim do dia completamente de rastos!
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