22 fevereiro 2012

Confessionário

Adoramos ser mães, sem dúvida… Mas ainda assim há todas aquelas coisas parvas que volta e meia nos passam pela cabeça. Isto são pensamentos que já me passaram pela cabeça. Várias vezes. Simplesmente convenci-me que isso não faz de mim pior mãe… Convenci-me que não sou diferente. Sou igual. Simplesmente ninguém fala disso… Parece que é um segredo muito nosso e que não são pensamentos admissíveis de quem decidiu ter filhos. Mas a verdade é que por vezes estas coisas passam-me pela cabeça… Ser mãe tem destas coisas, e já não fico triste ou a julgar-me péssima mãe quando estes pensamentos me assolam. Fico antes a pensar que preciso de dormir mais um pouco... J

Ficam alguns desses pensamentos parvos, mas que acontecem... Não somos loucas: somos mães. E às vezes o cansaço domina-nos:
Ou se calam em três tempos ou em três tempos eu começo a distribuir tareia…


Apetece-me virar-vos costas. Ignorar-vos. Ir ler o meu livro em paz e sossego. Que saudades do tempo antes dos filhos…


Esta vida podia ser um contrato. Hoje estou bem disposta e quero ser mãe, e quero-vos comigo. Amanhã estou com a neura e gostava de vos poder entregar a quem de direito, por tempo indeterminado... Até conseguir dormir umas noites descansada, até matar as saudades de ir ao cinema quando me apetece, até por a montanha de roupa em ordem... 


Se esta vida fosse a vida de antigamente, eu agora ia-me deitar descansada e sem pensar em refeições, em mudas de roupa, calçado e agasalhos para amanhã, em mochilas, em batas sujas ou lavadas...


Antes dos filhos eu saia do trabalho e podia ir passear ao shopping. Podia ir trabalhar ao sábado e ao domingo para acabar alguma coisa. Podia combinar jantares em cima do joelho. Podia não ter jantar, vinha uma pizza. Ou não se jantava, comiam-se uns cereais com iogurte ou um chocolate quente. Podia planear as férias sem pensar se o hotel tinha microondas ou frigorífico...

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